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Empresários em Luto

Empresários em Luto
Emanuele Oliveira Solyom
abr. 1 - 9 min de leitura
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Passado um ano do início da pandemia do COVID-19, além de um balanço de mais de 312 mil mortes e 12,5 milhões pessoas infectadas no Brasil em março de 2021, temos um cenário econômico de extrema insegurança, seja pelas empresas que encerraram definitivamente suas atividades, por aquelas que reduziram significativamente o negócio em si para se adaptar à nova realidade e também por aquelas que tiveram que mudar de ramo e atividade para sobreviver, o que alguns chamam de reinvenção.

E para os empresários todas essas mudanças e perdas tem contribuído para lutos acumulados, luto pela perda de familiares, de funcionários, luto por períodos que tiveram que fazer isolamento forçado pela doença ou também pelos afastamentos dos funcionários, luto por terem que manter fechado seus negócios por não serem considerados essenciais, luto por terem que deixar de honrar algum compromisso pela falta de caixa, luto por terem que escolher pessoas para serem demitidas, luto por terem que expor sua fragilidade aos funcionários, à  família e à sociedade, além de outros lutos mais.

O que é luto

Luto é um conjunto de reações a uma perda significativa, é o estado emocional específico, que se inicia pela ameaça ou rompimento de um vínculo de amor e se caracteriza como um período de enfrentamento da dor da perda.

Segundo John Bowlby, psicólogo, psiquiatra e psicanalista britânico, quanto maior o apego ao objeto perdido, que pode ser uma pessoa, animal, fase da vida, status social, uma traição, um diagnóstico, maior o sofrimento do luto.

Quais as fases do luto

A psiquiatra suíça Elisabeth Kubler-Ross, em seu livro ‘Sobre a morte e o morrer’, descreve o processo de luto em cinco fases, que nem sempre ocorrem na mesma ordem e nem sempre todas as fases são experimentadas pelas pessoas. Mas que segundo suas pesquisas, uma pessoa sempre apresentará, pelo menos, duas dessas fases.

Fase de Negação

Quando a dor da perda é tão grande ou tão recente, tendemos a duvidar ou negar a situação, tentando encontrar alguma forma de não entrar em contato com a realidade, seja não querendo falar no assunto, buscando provar ou argumentos de que o fato não é real ou minimizando a situação com um “vai passar”, “amanhã melhora”, “sempre dou um jeito, vou resolver isso também”.

O empresário vivendo o luto nesta fase de negação continua (se esforça para) se comportando como antes e não consegue reagir, seja para fazer um exame, iniciar um tratamento, para tomar as providências práticas necessárias, para repensar sobre o seu modelo de negócio, para promover mudanças em alguma rotina ou processo do negócio.

Fase de Raiva

Com a perda, é comum surgir o pensamento “Por que comigo?” e florescem sentimentos de raiva, de inveja, ressentimento e revolta porque a pessoa se sente inconformada e injustiçada.

O empresário vivendo o luto nesta fase de raiva começa a achar os culpados no ambiente externo, o governo, os políticos, os outros países, os médicos, a conjuntura econômica, a falta de apoio dos funcionários, dos fornecedores e até Deus.

Na raiva, o empresário se recusa a buscar e ouvir conselhos, compara seu negócio com outros e se percebe ainda mais injustiçado porque vê outros negócios prosperando ou sofrendo menos com a mesma situação e também começa a sentir auto piedade e vitimização que o impedem de agir e reagir.

Fase de Negociação/Barganha

Encarada a hipótese da perda, a pessoa pode buscar fazer algum tipo de acordo, de maneira que as coisas possam voltar a ser como eram antes. Essa barganha pode ser consigo mesma ou também voltada para a fé.

A barganha consiste numa troca, da pessoa prometendo algo para si mesma ou para Deus em troca de uma mudança/solução, um SE, pode ser desde “Vou pensar mais positivamente e tudo se resolverá”, “Vou acordar cedo todo dia e ter uma vida mais saudável se eu for curado”, “Vou começar a fazer ofertas missionárias se a empresa não falir”, “Vou fazer uma célula de oração na empresa se o funcionário não falecer”.

Fase de Depressão

Quando a pessoa tem consciência de que a perda é inevitável, surge a depressão, o sentimento do espaço vazio do que foi perdido. Nesta fase ocorre um sofrimento profundo, de que nunca mais irá ter contato com o que foi perdido e ganha uma nova dimensão de valor o que tinha sido feito de sonhos, projetos e lembranças da pessoa, do que foi vivido e do que não foi vivenciado e nunca mais será.

Na depressão, os sentimentos de tristeza, culpa, impotência, desesperança e medo são muito comuns, além da necessidade de isolamento.

O empresário vivendo o luto nesta fase de depressão fica paralisado, não consegue ver saída, se sente muito impotente, começa a se culpar e não reage.

Fase de Aceitação

A aceitação é a última fase do luto, é quando a pessoa aceita a perda com paz e serenidade, sem desespero ou negação. Nessa fase, o espaço vazio deixado pela perda é preenchido, seja por uma mudança de mindset, tratamento psicológico ou voltando-se para a fé.

Na aceitação há a verdadeira reação porque a pessoa percebe e vivencia o rumo das coisas depois da perda, já que as emoções não estão mais tão à flor da pele e a pessoa enfrenta a situação com consciência das suas possibilidades e também das suas limitações.

O empresário vivendo o luto nesta fase de aceitação está em paz, percebe que não é o fim do mundo, que ele pode superar a situação, começa a ver o aprendizado com tudo isso com vistas a melhoria. E também consegue buscar e receber ajuda de pessoas, já consegue conversar com outras pessoas sobre o assunto, planejar ações e executá-las.

E quando acaba?

O luto é individual e por isso pode ter pessoas que passam por todas as fases e podem ter fases que vão e voltam, por isso não há uma fórmula de tempo, mas uma variável que influencia muito é o histórico de experiências da pessoa, seus valores e relacionamento com Deus . Mas o período mais longo normalmente é da depressão para a aceitação.

“Para tudo há uma ocasião, e um tempo para cada propósito debaixo do céu” Eclesiastes 3:1

E sempre haverá lutos e muitas vezes lutos acumulados, de mais de uma perda por ocasião. Uma hora você estará consolando e outra hora estará sendo consolado. Então a primeira coisa a se fazer depois de uma perda é reconhecer o luto e se permitir viver o tempo desse luto até o tempo de viver em paz.

“tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou,

tempo de matar e tempo de curar, tempo de derrubar e tempo de construir,

tempo de chorar e tempo de rir, tempo de prantear e tempo de dançar,

tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las, tempo de abraçar e tempo de se conter,

tempo de procurar e tempo de desistir, tempo de guardar e tempo de lançar fora,

tempo de rasgar e tempo de costurar, tempo de calar e tempo de falar,

tempo de amar e tempo de odiar, tempo de lutar e tempo de viver em paz. Eclesiastes 3:2-8

 

Que possamos ter fé e coragem para enfrentar as nossas perdas crendo que Deus continua no controle e é o dono de todas as coisas, inclusive da sua empresa - esse desapego é fundamental para a aceitação e ter paz.

E que possamos aceitar que esse Pai é relacional, Ele conhece o seu coração e o seu sofrimento e estará junto em todas as fases do seu luto e usará pessoas para te abençoar. Da mesma forma que Ele utilizará sua vida para abençoar outras pessoas, com o consolo que você já recebeu.

“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, que nos consola em todas as nossas tribulações, para que, com a consolação que recebemos de Deus, possamos consolar os que estão passando por tribulações. Pois assim como os sofrimentos de Cristo transbordam sobre nós, também por meio de Cristo transborda a nossa consolação.” 2 Coríntios 1:3-5


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